CONSELHEIROS DE SAÚDE ADMITEM NÃO TER ACESSO ÀS PRESTAÇÕES DE CONTAS DA PREFEITURA
O próprio presidente do conselho, Odemir Batista, que prestou depoimento na última quinta-feira (19) admitiu que há deficiência no trabalho de fiscalização dos conselheiros. Segundo ele, as contratualizações feitas não passaram pelo crivo dos conselheiros
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura indícios de má gestão dos recursos públicos federais, estaduais e municipais destinados à Saúde Pública, em Guarujá, concluiu nesta segunda-feira (23) a tomada dos depoimentos dos 19 membros do Conselho Municipal de Saúde convocados a prestar esclarecimentos.
Todos foram questionados sobre o fornecimento de medicamentos vencidos em postos de saúde; falta de profissionais nos plantões; falta de insumos básicos (como lençóis, sondas, etc); não realização de cirurgias; casos de omissão de socorro; indícios de manipulação e cerceamento no trabalhos de fiscalização; contratos suspeitos de locação e terceirização de serviços; atrasos nos repasses financeiros ao Hospital Santo Amaro e não pagamento de funcionários; não entrega de medicamentos à Associação dos Autistas; e fechamento do setor de Ortopedia do Hospital Santo Amaro.
Das revelações feitas, a que mais chamou atenção foi a falta de prestação de contas ao Conselho, por parte do Instituto Corpore, Plural Instituto e Hospital Santo Amaro - entidades que prestam serviços terceirizados à Prefeitura. Segundo informado, os membros do conselho não têm acesso aos dados. "Somente é feita uma apresentação aos conselheiros, sem fornecer a documentação, que é repassada e aprovada diretamente pela Secretaria Municipal de Sáude", informou um dos depoentes. Também foi informado que não houve discussão, nem deliberação, em relação à contratação das entidades mencionadas.
O próprio presidente do conselho, Odemir Batista, que prestou depoimento na última quinta-feira (19) admitiu que há deficiência no trabalho de fiscalização dos conselheiros.
Segundo ele, as contratualizações feitas não passaram pelo crivo dos conselheiros - ao contrário do que prevê a legislação. Ele também admitiu que falta suporte para deslocamentos, assim como cursos de capacitação. Embora atribuiu parte dessa culpa "ao pouco comprometimento" por parte da maioria dos conselheiros.
Em contrapartida, vários conselheiros ouvidos também acusaram o presidente de cometer atos arbitrários e de tomar decisões sem o devido respaldo legal, o que também foi alvo de questionamentos por parte dos vereadores. Todas as falas foram gravadas e devidamente transcritas, para serem incluídas ao processo de investigação. As apurações devem terminar num prazo de 120 dias. Ao final, um relatório conclusivo será entregue ao plenário e deliberado pelos vereadores.
DESDOBRAMENTOS
Segundo o vereador Edilson Dias (PT), novas testemunhas devem ser convocadas, nas próximas semanas, a fim de esclarecer melhor todas as questões que foram levantadas pelos conselheiros. "Se forem, por exemplo, comprovados indícios de desvios por parte de funcionários, isso será encaminhado ao Ministério Público, que por sua vez adotará as medidas cabíveis na esfera judicial. Já se houver algum indício de infração político-administrativa contra a prefeita, a exemplo do caso da merenda, também pode ser aprovada a abertura de uma Comissão Processante (CP) contra ela, exatamente como aconteceu em julho", explicou o vereador Edilson Dias (PT), presidente da CEI.
FORMAÇÃO
A formação da comissão foi aprovada na sessão do último dia 8 de setembro, a partir das assinaturas dos vereadores Edilson Dias (PT), Givaldo dos Santos Feitoza (PSD); Jailton Reis dos Santos (PPS); Bispo Mauro (PRB); Gilberto Benzi (PSDB); e Geraldo Soares Galvão (DEM). Na ocasião, também foi definida a composição do grupo de trabalho, que tem o vereador Edilson Dias na presidência, o vereador Gilberto Benzi na relatoria e o vereador Nego Walter (PSB), como membro.
JUSTIFICATIVAS
"No caso do HSA, especificamente, o valor do repasse mensal feito pela Prefeitura quase dobrou desde 2009 (de R$ 600 mil/mês foi para R$ 1,060 milhão/mês). Mas os problemas, em vez de diminuírem, só aumentaram. O mesmo ocorre com os programas que dependem repasses do Estado e do Governo Federal, onde também há inúmeros indícios de irregularidades. Tudo isso será agora apurado a fundo", garante o presidente da CEI.
Publicado em: 24 de novembro de 2015
Publicado por: Assessoria de Imprensa
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Categoria: Notícias da Câmara