Se o paciente tem plano de saúde, por que ele não pode ser resgatado diretamente a um hospital particular? Essa é a questão que atualmente tem mobilizado os vereadores de toda a Baixada Santista, no que se refere ao atendimento prestado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Através da União dos Vereadores da Baixada Santista (Uvebs), eles têm buscado alterar os atuais critérios que regem o serviço, especialmente quanto à determinação de encaminhamento exclusivo dos pacientes para prontos-socorros do SUS.

"O entendimento geral dos vereadores é de que isso seria desnecessário, a partir do momento em que o paciente manifeste sua vontade de ser encaminhado para hospital que ele seja conveniado. Além disso, encarece os custos do serviço", resume o vereador Toninho Salgado (Guarujá), que é membro da diretoria da Uvebs e tem participado de várias reuniões sobre o tema. "Neste caso, o médico regulador do Samu poderia tranquilamente destinar o paciente para onde achasse melhor, desde que levada em conta a grade de atendimento apresentada pela rede hospitalar particular, a gravidade do caso e a proximidade da ocorrência”, complementa.

DRS-4 RESISTE A MUDANÇAS
Em reunião ocorrida no último dia 15, com a diretora do Departamento Regional de Saúde (DRS-4), Paula Covas, vereadores ouviram dela que “não é possível para o Samu levar um paciente ao hospital particular da rede conveniada que o atende, pois uma porta referenciada (portaria) impede que isso aconteça. E que colocar em prática (tal mudança) é difícil já que nem todos os hospitais particulares possuem prontos-socorros”.

Ela também enfatizou a necessidade de assegurar o atendimento ao paciente resgatado, a despeito de eventuais problemas com a operadora do convênio, no momento do ingresso ao pronto-socorro. "Há o risco de o atendimento ser negado, seja por questões financeiras, operacionais ou mesmo estruturais ", chamou atenção ela, que também destacou a possibilidade de demora na checagem de dados cadastrais, entre outras questões análogas. "O serviço não pode ficar sujeito a esses tipos de eventualidades. É preciso, sobretudo, garantir o atendimento emergencial, que é o foco", argumentou na ocasião (seguem fotos).

HOSPITAIS MANIFESTAM INTERESSE
Em contrapartida, instituições hospitalares privadas têm manifestado interesse em se agregar ao SAMU, o que vem fortalecendo a luta daqueles que defendem a mudança no serviço. Em Santos, segundo noticiado na imprensa, no último dia 17, a medida já vem sendo adotada e foi resultado de três anos de conversação entre a Prefeitura de Santos, os responsáveis pelo Samu na Cidade, as instituições hospitalares privadas e o vereador Evaldo Stanislau - com apoio da Uvebs.

“Isto vai funcionar bem e pode resolver conflitos como a sobrecarga no serviço público, a mobilização de uma equipe médica para resolver um caso que poderia ser resolvido em outro lugar e até a melhor na questão médica do paciente, que em alguns casos, terá um atendimento mais adequado na rede particular”, explica Stanislau. Segundo ele, houve uma boa vontade da Prefeitura e também dos hospitais para que a mudança fosse colocada em prática. “Esta mudança já é feita em cidades como São Paulo e Guarulhos. Não é um serviço de leva e traz”, comenta.

UVEBS AGORA QUER REGIONALIZAR PLEITO
Diante da situação, o presidente da Uvebs, Douglas Gonçalves, juntamente com o secretário-executivo da entidade, Pedro Garófalo, agora pretendem ampliar a discussão iniciada em Santos para o âmbito regional. "Em face a todos os fatos e argumentos verificados, a gente nota que há uma possibilidade de parcerias com o setor privado e, portanto, cabe a nós aprofundarmos essa discussão e avaliar seus ganhos e eventuais perdas", resume Garofalo.