O presidente da Câmara Municipal de Guarujá, Ronald Nicolaci Fincatti (DEM), está convencido de que o projeto do túnel Guarujá-Santos só não foi iniciado até o momento por falta de vontade política, especialmente das autoridades santistas. Ele disse não acreditar nos argumentos oficiais, seja da Dersa, seja do Palácio dos Bandeirantes, quanto à suposta falta de recursos para dar andamento aos serviços.
"Ainda que o financiamento do BNDES não tenha sido liberado até o momento, isso não impede a execução inicial do projeto. Até porque ele é demorado e já há R$ 1 bilhão do próprio orçamento estadual reservado para isso. Ou seja, nada impede o início da obra, a não ser a falta de vontade política", afirma ele, que tem aproveitado sua participação em programas de rádio e televisão para discutir o tema.
JOGANDO AREIA
Nicolaci diz suspeitar que outros interesses (provavelmente econômicos) estejam estimulado a resistência de setores da sociedade santista, assim como o aparente desinteresse demonstrado pelos políticos da cidade vizinha. "Essa ligação vai resultar no maior fluxo de investimentos para a margem esquerda do porto; vai expandir o
mercado imobiliário de Guarujá e Bertioga; vai atrair empresas, ampliar nosso comércio... E isso provavelmente não interessa a Santos", enfatiza ele, certo de que o discurso oficial, geralmente em favor da iniciativa, não traduz a real opinião dos governantes da Cidade.
"Se isso realmente fosse verdade, o prefeito Paulo Alexandre, que é do PSDB, que é próximo do governador e a maior liderança política de nossa região, estaria a frente disso. Mas não está, assim como o vice-governador Márcio França também não está. A única mobilização que existe atualmente é por parte dos legislativos, através da Uvebs (União dos Vereadores da Baixada Santista)", chama atenção Nicolaci.
CLAREZA
Amparado nesses argumentos, o presidente do legislativo guarujaense cobra postura clara por parte do prefeito santista, assim como de seus apoiadores. "Tem que falar se é favor ou contra! Isso não é vergonha pra ninguém. Mais importante é chegar a um consenso que assegure essa ligação seca o quanto antes".
Ele também propõe que as entidades de classe se manifestem a respeito, de modo a também identificar eventuais resistências, mas, sobretudo, reforçar o apoio à iniciativa e pressionar as autoridades pela sua concretização. "Se não houver mobilização forte, os interesses menores vão prevalecer", deixa o recado.